opinião marcelo martins

A indústria do contracheque faz girar a construção civil

Foto: Pedro Piegas (Diário)
Setor emprega direta e indiretamente mais de 10 mil pessoas


Santa Maria, diferentemente de outros municípios gaúchos, não tem uma grande indústria. Por aqui, ao contrário da Serra Gaúcha, não se tem uma indústria de peso e que faça as pessoas a associarem com o maior município do centro do Estado. Mas há, sim, duas grandes indústrias: a do contracheque e a da construção civil. A primeira delas, necessariamente, ancorada na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) que, nos últimos anos, tem tido um orçamento acima da casa de R$ 1 bilhão.  

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Além do funcionalismo federal, o contingente de militares - o 2º maior do país (com mais de 20 organizações militares) - representa mais de R$ 450 milhões com salários de militares (da ativa e da inativa). Ou seja, ainda que em momentos de crise, a cidade sente menos os efeitos e os humores da economia e das derrapadas de governos.  

Já a outra indústria é a da construção civil, que emprega diretamente 6 mil pessoas. Número que, ao levar em conta os postos indiretos e as demais empresas que gravitam em torno do setor, supera os 10 mil postos de trabalho.

As mais de 30 empresas ligadas ao Sindicato da Construção Civil (Sinduscon-SM) têm, hoje, 37 empreendimentos na rua, que representam quase 200 mil m² de área em construção. E se for colocado na ponta do lápis, o fato de que o m² na cidade está estimado em R$ 2,2 mil, há aí mais de R$ 400 milhões. E ainda, se levarmos em conta que o Sinduscon representa metade de todas as obras em andamento, é possível dizer que esse número possa dobrar. Ou seja, são R$ 800 milhões em obras.

Um termômetro confiável da economia é o da construção civil. Obviamente que com o freio de mão mais puxado, desde 2014, com o agravamento da crise, mas segue investindo. E justamente por ser a maior indústria da cidade, é preciso que o poder público olhe com mais atenção ao setor. E não se fala aqui de privilégio ou de facilitação. 

INEFICIÊNCIA SAI CARO
A prefeitura, e não é de hoje, carece de agilidade e de eficiência. Não há, aqui, qualquer pretensão de que o poder público tenha a celeridade da iniciativa privada, mas poderia se esforçar um pouco mais. Acontece que, há cinco anos, o Sinduscon doou à administração um software para informatizar o sistema voltado ao setor. Mas isso ainda não aconteceu. Morosidade que se desdobra em lentidão na análise de projetos e, claro, coloca em risco empreendimentos novos.

Um caso que exemplifica isso é a saga da De Marco Incorporações Imobiliárias, de Erechim, que viu em Santa Maria um nicho para aportar um investimento de R$ 150 milhões. O empresário Carlos Eduardo De Marco conta que, desde 2017, buscava junto à prefeitura as licenças para viabilizar o empreendimento. Segundo ele, o município de Passo Fundo - que já recebeu investimentos da construtora - levou um ano para dar celeridade à liberação de todas as licenças necessárias. Aqui, foram dois anos de espera, revela. 


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